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Crítica: Nós Somos a Onda – 1ª temporada | Netflix

Não vai começar esta série esperando algo como o filme alemão de 2008 chamado “A…

(Foto: Reprodução/Netflix)

Não vai começar esta série esperando algo como o filme alemão de 2008 chamado “A Onda”, ou do livro homônimo escrito pelo norte-americano Todd Strasser, que foi lançado em 1981 e serviu de base tanto para o longa e, agora, também para este seriado.

O filme segue a estrutura do livro ao mostrar um professor de colegial que vai ensinar sobre autocracia aos seus alunos, que não acreditam que na Alemanha moderna seja possível surgir um regime ditadorial. Até que o professor cria um experimento dentro de sala para mostrar como é fácil manipular as massas, mas o que começa como uma atividade inocente cresce descontroladamente e foge do âmbito escolar.

Diferente do filme de sucesso, o seriado reinventa o material original quase que por completo. Não temos um professor como fio condutor, mas um grupo de alunos de diferentes estereótipos (o bonitão rebelde e sem grana, o gordinho, o muçulmano, a tímida e a menina riquinha) que irão iniciar um movimento chamado A Onda, para bater de frente com o racismo, o bullying e a ideia de supremacia branca defendida por alguns alunos na escola onde estudam.

Não sou contra reinvenções, aliás, acho necessário em alguns casos para não copiar ou repetir algo que já foi lançado. Principalmente quando a reinvenção é bem realizada. “Nós Somos a Onda” possui um ritmo envolvente, um objetivo claro de sua ideia e também personagens com peso emocional, e razões, para começar A Onda.

Já outros não me convencem tanto, como, por exemplo, a garota riquinha do grupo e protagonista da série, que apesar de ser convencida pelos ideais de justiça, e igualdade, sempre retorna para a mansão onde mora com uma vida confortável, onde não trabalha e tem tudo pago pelos pais ricos. O mínimo seria ela deixar a casa e lutar para conquistar as próprias coisas, sentir na pele o difícil lado dos desfavorecidos e sem privilégios que trabalham horas por uma merreca de salário. Sua posição na série é um tanto quanto, digamos, hipócrita. De longe é a pior personagem do show. Diferente dos outros personagens que compartilham motivos e problemas bem mais convincentes.

“Nós Somos a Onda” explora algo que o filme de 2008 e o livro não usaram: a influência e uso da tecnologia. Numa época onde celulares e redes sociais ditam tendências e, infelizmente, em muitos casos, incitam violência e divisões sociais, o seriado acerta ao colocar a tecnologia como parte importante da ação – além de facilitar muita coisa para a polícia (apesar da bestialidade dela nesta série).

Com apenas 6 episódios, “Nós Somos a Onda” estabelece muito bem ótimas ideias com um ritmo ágil e uma trilha sonora composto por músicas excelentes (vale a pesquisa!). Disponível na Netflix.

Wir Sind Die Welle/ALEMANHA

Número de episódios: 06

Criado por: Jan Berger, Dennis Gansel, Peter Thorwarth

Elenco: Ludwig Simon, Luise Befort, Michelle Barthel, Mohamed Issa, Leon Seidel…

Sinopse: Um misterioso colega lidera quatro adolescentes idealistas contra uma onda crescente de fervor nacionalista, mas o movimento sai do controle.

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