Cinema

Crítica: Druk – Mais Uma Rodada | Oscar 2021

O diretor Thomas Vinterberg em 2012 lançou um filme, também com Mads Mikkelsen, chamado “A Caça”.…

(Foto: Reprodução/Internet)

O diretor Thomas Vinterberg em 2012 lançou um filme, também com Mads Mikkelsen, chamado “A Caça”. Na história, Lucas (Mikkelsen) trabalha numa creche e após não dar atenção para uma das garotinhas, é injustamente acusado (por ela) de ter tocado em suas partes íntimas – tudo para se vingar. O filme mostra claramente a inocência de Lucas, mas a derrocada e o poder destrutivo de uma acusação dessas é irreversível, tanto no aspecto social quanto psicológico. “A Caça” é um dos melhores filmes da década passada, um drama de imersão e destruição, de tensão e angústia , que nos coloca numa posição totalmente desconfortável.

Vinterberg tem esse talento visceral de pegar histórias e extrair o máximo de seu potencial. E agora o faz com este drama sobre alcoolismo ao colocar um grupo de homens de meia-idade, professores frustrados com suas vidas, que decidem realizar um experimento. Eles querem testar a teoria do psiquiatra Finn Skaderud, cujos estudos acredita-se que se o homem tiver uma porcentagem de 0.05% de álcool no corpo, o deixará mais criativo e relaxado.

O mais interessante é que o filme não abre julgamentos sobre a teoria. Aliás, até mostra ser uma suposição válida e deveras verdadeira (e compartilho do pensamento). O problema é que nós seres humanos somos seres propícios ao comodismo e quando uma situação nos oferece imenso prazer e relaxamento, a tendência é a carne desejar ainda mais. E é justamente este ‘desejar mais’ que leva ao desequilíbrio e consequentemente ao vício.

De modo geral, a desculpa do experimento é uma razão para os personagens tentarem resolver os problemas pessoais de suas vidas. A infelicidade e o sentimento de inutilidade, e cansaço, levam o grupo a buscar no álcool um controle ilusório. O filme é imersivo e angustiante. A câmera é frequentemente colocada perto do rosto dos atores, e em constante movimento como se também estivéssemos bêbados. Mais uma vez, Vinterberg entrega um trabalho formidável.

Outro detalhe maravilhoso é como Vinterberg se preocupa com o olhar. A maneira como capta a emoção dos olhos, muitas vezes com cenas sem diálogos explorando um completo silêncio, mas com o ator falando tudo de si e de seus sentimentos através dos olhos. Há uma cena inesquecível de um jantar onde Mads Mikkelsen prova de uma vez por todas como é um tremendo ator.

Alias, por falar em Mads Mikkelsen, este ator dinamarquês é um dos grandes da atualidade. Se você o conhece apenas por super produções Hollywoodianas como “007 – Cassino Royale”, “Doutor Estranho” ou a série “Hannibal”, vá no Google e busque por seus trabalhos menores onde ele tem melhor oportunidade de ousar como ator. De cara, te recomendo uma trinca com “A Caça”, claro, “O Amante da Rainha” e este “Druk – Mais Uma Rodada”. Trabalhos primorosos de um profissional que entende como os detalhes e sutilezas são essenciais na concepção de um personagem.

“Druk – Mais Uma Rodada” é um filmaço indicado Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional (é o favorito para ganhar) e Melhor Diretor para Thomas Vinterberg. O longa estreia quinta-feira, 25, e estará disponível no Brasil em alguns cinemas que estão abertos, e para aluguel online.

Druk/DINAMARCA, SUÉCIA – 2020

Dirigido por: Thomas Vinterberg

Com: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang…

Sinopse: Quatro professores, com problemas em suas vidas, testam a teoria de que ao manter um nível constante de álcool em suas correntes sanguíneas suas vidas irão melhorar. De início, os resultados são animadores, porém, no decorrer da experiência, eles percebem que nem tudo é tão simples assim.

Another Round (2020) - IMDb