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Crítica: Borat 2 – Fita de Cinema Seguinte | Amazon Prime

Quando “Borat” foi lançado em 2006 nos cinemas o mundo era outro, ou será que não?…

(Foto: Reprodução/Internet)

Quando “Borat” foi lançado em 2006 nos cinemas o mundo era outro, ou será que não? Carregamos conosco esta sensação de ter sido uma época mais politicamente incorreta, com possibilidades maiores de rir dos outros e de si mesmo. Mas não acredito muito nesse pensamento. O mundo sempre foi repleto de pessoas misóginas, preconceituosas e racistas, totalmente extremas em sua maneira de pensar e que são capazes de atrocidades morais ou até físicas contra o próximo.

O primeiro “Borat” mostrava a tamanha imbecilidade deste pensamento e de seus indivíduos. Utilizava os extremos de seu personagem título para extrair de tais pessoas declarações e comportamentos vergonhosos mas que, infelizmente, são comuns e bastante presentes em nosso cotidiano. E agora, numa época onde líderes extremistas ganharam cargos de poder e controle sob nações, “Borat 2” surge inesperadamente – lançado pelo Amazon Prime Video – para mostrar que, sim, nada melhorou e, sim, tudo ficou bem pior.

Um médico que assume ser capaz de assediar garotas de 15 anos sem a presença dos pais; uma influenciadora digital que ensina mulheres a serem frágeis e bobinhas para conquistar homens bem mais velhos por causa do dinheiro, ou então um político famoso que é flagrado em um momento comprometedor num quarto de hotel. Estes são alguns dos momentos mais absurdos de “Borat 2”, mas ao mesmo tempo geniais concebidos com a acidez e destreza habituais de Sacha Baron Cohen.

Para quem não sabe, tanto o primeiro filme quanto nesta continuação, o ator Sacha Baron Cohen se coloca em situações de falsas entrevistas ou câmeras escondidas para extrair reações genuínas de pessoas que não são atores e mal fazem ideia de que estão sendo filmadas para um filme de Hollywood. E se depois do sucesso do filme original criar tais momentos com o personagem Borat sem Sacha ser reconhecido era um desafio, em “Borat 2” o ator encontra uma saída simples, e perfeita, que se encaixa perfeitamente ao roteiro.

Agora também temos a filha de Borat, Tutar, interpretada pela atriz búlgara Maria Bakalova (fenomenal e pura revelação!!!). Geralmente Hollywood utiliza o artifício do filho para posteriormente substituir o ator original (já velho) e manter o legado do personagem. Quase sempre dá errado. Mas não aqui. Primeiro: Tutar não é usada com intenções de substituir Sacha. O roteiro a utiliza como ferramenta para trabalhar as percepções e crenças do protagonista, ao mesmo tempo em que a própria filha também vai aprender tais lições. Portanto, juntos, Borat e Tutar vão viver muitas aventuras nos EUA, e cada uma  será importante para ajudar na quebra dos preconceitos e mostrar também um lado sentimental, e empático, de Borat com a filha – e também com o mundo.

Aliás, este segundo longa pode não possuir o impacto da novidade que teve o original – que continua genial. Mas esta continuação consegue um resultado até melhor por possuir algo que o primeiro filme não tinha: uma história mais interessante e desenvolvimento de personagens. Borat tem uma evolução ao longo do roteiro. O relacionamento entre ele e sua filha é convincente, tocante e envolvente. Ao mesmo tempo em que Sacha mantém o humor ácido, até ofensivo (mas com propósito), mas genial, surpreendente e chocante.

Se o politicamente correto ganhou ainda mais força nos últimos anos tornando o mundo, e suas redes sociais, bastante insuportáveis nada melhor do que um antídoto como Borat.

Disponível no Amazon Prime Video.