CORONAVÍRUS

Senadores defendem adiamento do Enem devido a interrupção das aulas presenciais

Durante a sessão deliberativa remota desta sexta-feira (17), senadores defenderam a votação de dois projetos…

Sem atender a carência tecnológica da rede pública, Enem não é justo, diz deputado
Sem atender a carência tecnológica da rede pública, Enem não é justo, diz deputado

Durante a sessão deliberativa remota desta sexta-feira (17), senadores defenderam a votação de dois projetos em trâmite na Casa que adiam as datas do calendário de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Ministério da Educação (MEC) definiu em fevereiro que o exame será realizado nos dias 11 e 18 de outubro para realização das provas digitais, que serão aplicadas pela primeira vez nesse formato; e os dias 1º e 8 de novembro para aplicação das provas tradicionais (impressas).

Os senadores argumentam que a interrupção das aulas presenciais na rede pública e privada de ensino em razão das medidas de prevenção do contágio do novo coronavírus e falta de acesso universal à internet que possibilite o estudo domiciliar são motivos importantes para o adiamento das provas.

A líder do PP no Senado, senadora Daniella Ribeiro (PB), autora de um dos projetos que mudam as datas das provas, lembrou que, de acordo com o calendário do MEC, termina hoje o prazo para inscrição dos estudantes que pedem a isenção da taxa de inscrição. Na sua avaliação, o Senado precisa priorizar a votação desses projetos uma vez que professores e alunos não estão conseguindo desenvolver suas atividades regulares durante a pandemia. “Eu queria fazer uma analogia com vocês: olhem a dificuldade que muitas vezes nós temos, inclusive, de não acertar fazer determinadas votações por via remota. Nós temos no nosso país 30% da população que não tem acesso à internet, 40% na zona rural. Como é que esses jovens, que já estão prejudicados porque não estão tendo aulas, vão poder fazer o Enem?”, questionou.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), também autor de projeto que adia o Enem, pediu que o presidente do Senado busque um entendimento junto ao Ministério para a revisão do calendário. Para ele, essa é uma medida urgente que permitirá que estudantes e professores tenham uma melhor programação e preparação para participar da avaliação. “Nós não estamos pedindo para cancelar, mas simplesmente para transferir — está previsto para outubro, novembro — para janeiro”, observou.

A senadora Leila Barros (PSB-DF) reiterou a solicitação feita pelos parlamentares e reforçou a necessidade de priorizar a matéria. “Eu tenho recebido muitos pedidos de professores, de alunos, de jovens que estão muito preocupados com o Enem. A senadora Daniella Ribeiro apresentou os números, as estatísticas: mais de 40% desses jovens não têm acesso à internet, não estão sendo devidamente preparados para esse exame, que é uma expectativa tão grande para essa faixa etária”, disse.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) também defendeu a inclusão do projeto da senadora petista na pauta das sessões remotas. Ele afirma que o adiamento do Enem tem relação com a crise causada pela covid-19 e é urgente. O senador destacou ainda que as chamadas LAN houses (locais onde é possível ter acesso à internet) estão fechadas, dificultando ainda mais o acesso de alunos aos conteúdos.