Morar fora da casa dos pais é uma etapa da vida que transforma a maneira como vivemos e enxergamos o mundo.

Morar só, crescer muito

Sempre sonhei em morar sozinha e acho que por querer tanto, consegui em vários momentos…

Sempre sonhei em morar sozinha e acho que por querer tanto, consegui em vários momentos viver dessa forma, ou na verdade nem tão só. Na adolescência com mais quatro colegas de colégio, depois completamente sozinha em Goiânia, em seguida em Uberlândia e por fim Goiânia novamente com uma amiga.

Se eu pudesse dar um conselho aos pais é: incentivem seus filhos as morarem só! Mesmo que na mesma cidade se eles chegaram a um momento de vida em que conseguem se manter, não crie resistência à isso.

Sei que é muito difícil, a gente sempre quer estar perto de quem amamos, só que muitas das dificuldades que vejo nas empresas, relacionamentos e lares poderiam ser atenuadas ou até mesmo eliminadas se estivéssemos preparando jovens que aprenderam que os copos não se lavam sozinhos, que a conta de energia vence todos os meses, que todos que moram em uma casa são responsáveis por ela e não são hóspedes, pessoas que valorizam aqueles que limpam, lavam e passam pois sabem o quanto é difícil e cansativo cuidar dessas tarefas, filhos que respeitam e admiram as mães que cuidaram a vida toda de casa com esmero e carinho pois aprenderam a falta que faz isso, maridos que dividem as tarefas de casa e tantas outras situações.

Além de tudo isso vejo ainda a questão do estar só como um aprendizado de vida. Não ter a necessidade de estar rodeado de pessoas, vencer o medo de ter só a si próprio em vários momentos, se conhecer, aprender quais são as suas falhas e suas próprias preferências, não viver dependendo de alguém pra que algo seja feito. Como fui feliz vivendo assim.

O silêncio do domingo a noite, a quietude das manhãs de segunda, o barulho do final de semana, as surpresas dos dias inesperados, a satisfação de ter o próprio canto, o seu espaço, um mundo só seu, um jeito de viver sem a necessidade de se adequar aos outros e ao mesmo tempo o crescimento de aprender a respeitar limites e saber que não importa apenas o que você quer ou pensa. Uma dualidade incrível. Crescer é preciso e o conforto do lar nem sempre ajuda nessa caminhada.