O discurso da primeira-dama

Inclusão ou ilusão ?

A posse presidencial se tornou um fato ainda mais discutido diante do discurso da primeira-dama…

A posse presidencial se tornou um fato ainda mais discutido diante do discurso da primeira-dama que fora realmente inesperado tanto por ser feito, quanto pela ordem que antecedeu ao discurso de seu marido e principalmente pelo uso da linguagem de sinais, Libras.
Passada a surpresa e sem que isso retire da primeira-dama o mérito de estar encampando uma causa tão nobre e carente de atenção no Brasil, é preciso constatar a contradição entre os discursos apresentados.

O Presidente, afirmou que irá “libertar o povo do politicamente correto”. Ao se fazer a análise do contexto da declaração diante de tudo que fora dito em sua campanha, o que o Presidente ataca ao se referir ao “Politicamente Correto”, são as minorias. E ai reside a contradição, a inclusão buscada pela primeira-dama é justamente o acesso a informação e educação por uma parcela da sociedade muitas vezes excluída, os surdos-mudos.

Muito se falou ainda sobre o discurso da Primeira Dama fazer com que a ideia de que o Presidente seja um machista caia por terra, e nisso é preciso muito cuidado. Mais uma vez sem retirar o mérito de Michele Bolsonaro, mas sem fantasias, seria impossível que o Presidente deixasse de utilizar a figura de sua esposa justamente para causar uma excelente impressão, o que fica demonstrado diante da aprovação massiva do discurso da primeira dama. Como mais uma contradição a esse argumento, basta ver a equipe formada pelo Presidente em que se tem apenas duas Ministras.

O discurso da Primeira Dama e a causa que ela abraça, merecem sim reconhecimento e apoio. Por outro lado, não se pode esquecer que a construção da imagem machista do Presidente aconteceu por suas próprias declarações e posições.
Ao pressupormos que o presidente “autorizou” o discurso da esposa e que isso seja valorizar a figura da mulher, isso por si só já é um modo de reforçar que o homem quando dá espaço a mulher está fazendo algo a mais, quando na verdade está fazendo apenas o que seria justo.