Economia

Empresas e empresários também tem que mudar

Pedro Alves é empresário, inicialmente no beneficiamento de arroz. Pessoa de papo agradável, preside a…

Pedro Alves é empresário, inicialmente no beneficiamento de arroz. Pessoa de papo agradável, preside a Federação das Indústrias do Estado de Goiás, uma das mais respeitadas entidades empresariais dessas bandas. Acordei com ele. Em artigo no Pop, ele destaca números de um levantamento do Ibope, feito a partir de encomenda da CNI, apontando que 8 em cada 10 brasileiros estão insatisfeitos com os serviços públicos, especialmente no que toca à saúde e à segurança.

Este resultado vem se repetindo em todo o país. Nas pesquisas eleitorais, são os assuntos mais frequentes entre as preocupações do eleitor. São os temas que este eleitor-cidadão quer ver em debate e plataforma.

Há um aspecto que começou a ganhar destaque maior com a Operação Lava Jato e que deve ser observado. Uma parcela considerável do mau uso do dinheiro público tem origem na iniciativa privada. Paradoxo? Não. Os custos de compras e serviços dos governos são inflados por propina, corrupção. Existem empresários que se especializaram em atender a esse mercado paralelo. Tem gente que vente nota. Tem gente que concorda com sobrepreço, desde que isso se reflita no aumento da sua margem de lucro.

Uma conclusão óbvia é que a classe empresarial pode dar sua parcela de contribuição neste momento crítico mudando também o seu comportamento. Dizendo não aos esquemas e ao lucro fácil.

Na Lava Jato, todas as grandes empreiteiras do país estavam envolvidas. Centenas de empresas foram usadas para repasse de propina, em volume tal, que muitas investigações foram desmembradas. A Operação Monte Carlo não foi mais além porque existiu uma Delta no meio do caminho, que abrigou muito mais gente do que se supunha. Igualmente, dezenas de empresas acusadas de fazer repasses em vários pontos do país. No caso da semana, envolvendo a Saneago, mais de duas dezenas de empresas chamadas a prestar esclarecimentos.

Na própria edição de domingo do Pop, há uma matéria mostrando que a reposição da iluminação está mais demorada, depois que foi terceirizada. Prova de que a eficiência nem sempre está no setor privado, nas empresas.

Acredito que isso não vai acontecer tão cedo. Mas era hora de se repensar essa prática. Cada um ganhando o preço justo pelos seus serviços. Isso valeria para o funcionário publico, o empresário prestador de serviço e todos os outros envolvidos. O cidadão poderia pagar menos, inclusive com impostos, e ter um serviço melhor. Parece óbvio, mas cada um fazendo a sua parte. Simpáticos ou não.