Sinais trocados

Caso Enel: especialistas criticam linha do governo

A defesa do governo de Ronaldo Caiado de investir R$ 2 bilhões na Celg G&T,…

A defesa do governo de Ronaldo Caiado de investir R$ 2 bilhões na Celg G&T, com empréstimo do BNDES, como solução emergencial para a crise na distribuição de energia elétrica em Goiás tem gerado críticas de especialistas e desconfiança no meio empresarial goiano. Setores do governo chegam a defender que seja rescendida a concessão para a multinacional Enel, que comprou a Celg D (já federalizada) em 2017.

Em audiência ontem (06/05) na CPI da Enel, na Assembleia, a ex-secretária estadual Ana Carla Abrão, uma economista renomada no País, defendeu a lisura do processo de privatização e foi taxativa: com a incapacidade da estatal e do Estado de realizarem os investimentos no setor de energia, era a única alternativa que restava (depois da federalização). A outra alternativa ao Estado seria atrasar (mais ainda) o pagamento da folha salarial dos servidores.

O especialista em finanças públicas Jeovalter Correia comentou em suas redes sociais: “Fico impressionado com a criatividade dos governos estadual e federal. O empréstimos de R$ 2 bilhões do BNDES para a Celg G&T não é compatível com o porte da estatal e o Estado não pode dar aval. Sem contar que entraria na seara da Enel, que tornaria este arranjo muito complexo”.

Já lideranças no segmento empresarial se preocupam com a sinalização do governo de querer romper um contrato de concessão, num setor estratégico para a infraestrutura do Estado, sem buscar outras alternativas mais viáveis, como exigir (via multas pesadas e/ou congelamentos das tarifas de energia elétrica em Goiás) que a Enel realize, de fato, os investimentos pactuados em contrato.

Mais: o governo também apresenta assim um discurso contraditório, argumentam estas lideranças, ao defender empréstimo bilionário (enquanto o Estado não conseguiu ainda nenhum socorro financeiro para aliviar suas contas) para que numa estatal faça investimentos que deveriam ser realizados pela empresa privada, a Enel.

A concessionária de energia elétrica é alvo de milhares de reclamações, como também era a Celg D quando controlada pelo Estado, e tem a responsabilidade de investir mais (e não focar apenas na geração de caixa para amortizar seu investimento na compra da estatal) em melhorias na qualidade na oferta da energia em Goiás. Há instrumentos para pressioná-la a fazer isto. Quando a discussão se tornar mais política, a solução fica mais distante e todos, especialmente o setor produtivo, perdem com uma energia com problemas na distribuição.