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Trazer Copa América para o Brasil escancara descaso com a pandemia

O Brasil é aquele país que chega na beira do precipício, para, respira e, de…

O Brasil é aquele país que chega na beira do precipício, para, respira e, de forma convicta, dá um passo adiante. Só essa infame característica é capaz de explicar a realização da Copa América em terras tupiniquins nesse triste 2021 que vivemos.

Caminhamos para meio milhão de brasileiros mortos de covid-19, somos celeiro de novas cepas, nosso ritmo de vacinação é muito aquém do desejável, estampamos capas de jornal mundo afora com manchetes que mesclam incredulidade, indignação e escárnio. Mas, mesmo assim, o Governo Federal recebe a Copa América de braços abertos. E com uma caixinha de cloroquina nas mãos. É muita falta de semancol.

Não há paralelo entre a realização da Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão com a Copa América. É claro que está tudo errado, que as atividades esportivas deveriam estar suspensas. Mas, nos torneios que já estão rolando, o circular é menor. No torneio de seleções que o Brasil se dispôs a sediar, receberemos dez seleções com jogadores que moram e trabalham em vários países da Europa, Ásia e América. Ficarão até um mês no Brasil. Alguns contaminados, como já foi identificado o chileno Vidal, com cepas sabe-se lá de onde.

Todos atletas e comissões técnicas irão conviver por até 30 dias em território brasileiro. Depois, viajarão de volta para seus países onde jogam e levarão consigo essas mutações que poderão acontecer por aqui. Uma irresponsabilidade gigante.

A Série A do Brasileirão tem times de 10 estados. Sim, é muito trânsito para a realização das partidas. Não deveria estar acontecendo. Agora pense na situação da Copa América. Na última convocação da Seleção Brasileira, temos atletas que jogam em seis países diferentes. Se teremos 10 seleções disputando, dá para dizer com tranquilidade que teremos gente de uns 30 países circulando e convivendo nesse período. É muita coisa.

As novas cepas que incontornavelmente surgirão agradecem a presteza e competência brasileira para proliferar o vírus. Nisso sim somos campeões.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Clauber Cleber Caetano/PR