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Combustível está uma fortuna e país tem que definir papel da Petrobras

Goiânia registrou hoje protestos por conta dos absurdos preços cobrados nas bombas de combustível. Os…

Congestionamento durante o protesto de motoristas, entregadores e condutores por aplicativo contra o aumento no preço dos combustíveis (Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás)

Goiânia registrou hoje protestos por conta dos absurdos preços cobrados nas bombas de combustível. Os manifestantes são trabalhadores dos aplicativos de transporte de passageiros ou entrega de produtos. Eles sentem o impacto da carestia direto na pele, ops, no bolso. A pancada bate direto, sem rodeios. Subiu o preço, caiu a margem de lucro do cara.

Não quero entrar hoje em um tema que também merece atenção, que é a relação abusiva das multinacionais com esse pessoal. Carga horária desumana para garantir um salário longe do digno, horas e horas com o aplicativo ligado sem receber chamadas, falta de garantias básicas como direito a ficar doente, folga remunerada, férias ou direitos previdenciários. Tudo isso dá pano pra manga, mas não é a pauta desse texto. Hoje quero falar do papel da Petrobras.

O Brasil precisa definir o que quer efetivamente da empresa estatal. Como é de economia mista, devemos debater os caminhos da companhia. Se ela tem que servir ao mercado com as regras privadas, devemos ter claro que existe uma receita: pagar dividendos, maximizar lucros, promover cortes e não focar nas questões sociais. É a regra do jogo.

Por outro lado, se a sociedade compreender que o petróleo é nosso e seu dever é prioritariamente atender ao público interno, a visão e missão da companhia se alteram. O foco passa a ser entregar o produto em território nacional no menor preço possível, zelar do emprego, promover o desenvolvimento regional.

Os dois modelos são antagônicos e têm consequências que o Brasil já conhece bem. E, observe bem, nem estou entrando em minha opinião, no modelo que considero mais apropriado. O que estou colocando é que precisamos escolher qual modelo queremos.

O que não dá é para permanecer nessa esquizofrenia, de acender uma vela para Deus e outra para o diabo. Esse debate é fundamental e tem tudo a ver com a manifestação dos motoristas de aplicativo. Ficar no meio do caminho é que não dá mais.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás