Política

Antecipar eleições no Legislativo tem nome: golpe

Poucas coisas são mais dinâmicas do que a política. Magalhães Pinto, líder mineiro da UDN…

Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal, de máscara e falando ao microfone
Presidente da Câmara quer saber quem assinou projeto de aumento do numero de vereadores (Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás)

Poucas coisas são mais dinâmicas do que a política. Magalhães Pinto, líder mineiro da UDN e golpista baixos teores, ensinou que política é como nuvem: você olha e está de um jeito; olha novamente depois de um tempo e já mudou. É assim mesmo. Por isso que é um absurdo as antecipações das eleições dos parlamentos que estão acontecendo país afora.

Ontem foi a vez da Câmara de Vereadores de Goiânia embarcar nessa picaretagem. A Assembleia Legislativa já tinha cometido tal indecência em 2019. Sim, é legal antecipar para 2021 algo que só vai se concretizar de fato em 2023, mas não é nada moral. É preciso uma lei que parta de Brasília para botar ordem na zona que virou essa antecipação de eleições.

Se política é como nuvem e o momento importa, nada mais apropriado que as eleições aconteçam dentro de um prazo de, sei lá, 90 dias antes da posse da mesa. Por respeito, por decência. Mas, antes disso tudo, por uma questão política.

Ninguém sabe o que terá acontecido com as figuras envolvidas até a posse. Escândalos, desgastes, disputas. Mortes?

Observe que não estou individualizando a crítica em Romário Policarpo ou Lissauer Vieira. Eles jogam o jogo com a regra que têm em mãos. Pois isso que a regra cabotina precisa ser mudada.

O poder seduz e entorpece. E ninguém mais sujeito a bobagens que alguém seduzido e entorpecido. A presidência de uma casa legislativa diferencia o parlamentar de seus pares. Dá prestígio ao político, o garante espaço de diálogo privilegiado junto ao Executivo. Quem em sã consciência vai querer desmamar de uma tetinha cheia de leite como essa?

Eu sou até mais radical: por princípio, sou contra qualquer reeleição. Mas não posso ignorar a noção de similaridade e, enquanto tal prática for permitida ao Executivo, o Parlamento também pode. Mas tal qual seria patético realizar hoje as eleições para o prefeito que só assumirá em 2024, é calhorda usar esse artifício nos legislativos.

Que Brasília coloque fim nessa balbúrdia.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás