envelhecer não é fardo, é privilégio que poucos sabem reconhecer.

Quero envelhecer

Ontem ouvi alguém falando sobre um jovem que não titubeia em dizer que odeia velhos…

Ontem ouvi alguém falando sobre um jovem que não titubeia em dizer que odeia velhos e que não ficará velho, pois morrerá antes.

Será isso reflexo da nossa crença de que só importa o que é belo, jovem e novidade. A insistência de que só é bom aquilo que surgiu agora, imediatamente e que esse instante estará logo em seguida obsoleto?

Pensando nisso não tive dúvidas, quero envelhecer. Quero ter o privilégio de olhar a vida com sabedoria, ouvir os demais com tempo e deixar de julgar por ter certeza que isso de nada adiantará.

Envelhecer se tornou um prêmio para aqueles não foram levados cedo demais, pelas doenças, acidentes, violência e todos os infortúnios da vida.

Quero poder um dia dizer que vivi a vida e que isso foi bom. Contar o tempo em décadas e perceber que foram muitas.

Ter rugas e saber que todas elas vieram de algum momento da vida em que a urgência era regra. Dores, todos temos e teremos, melhor que a quantidade de vida vivida compense.

Quero os cabelos brancos, a pele flácida e uma infinidade de histórias pra contar. Quero poder dizer aos jovens que eles devem aproveitar, pois o tempo passa rápido demais.

Dividir os aprendizados, dar a mão a quem está começando, ser chamada de “dona”, tia, senhora e quem sabe avó?

Quero ter as certezas que só os dias vividos podem trazer, dentre elas a de que viver sempre vale a pena, estar aqui é uma dádiva e amar a humanidade é uma necessidade.