No minuto

Aqui não é uma sala de espera

Se essa sua fase fosse a última da sua vida, você a teria aproveitado completamente…

Se essa sua fase fosse a última da sua vida, você a teria aproveitado completamente ou teria vivido-a esperando pelo próximo evento?

Se essa sala, fosse a última sala da sua existência, você teria destrinchado cada cantinho ou sentado e esperado a morte chegar?

Se essa sua doença, se essa sua solidão for sua última companhia, você ouviu tudo que ela tem pra dizer?

Passamos a vida a construir muros e esperar pela próxima atração. Queremos um namorado, uma casa, um bom salário, uma viagem, emagrecer. Estamos sempre em suspense a espera do próximo ato que vai nos salvar e nos tirar do tédio e da infelicidade. E quando o sino toca e a cena muda trazendo o que ainda ontem ansiamos, a vontade muda de foco e torna desejar o que ainda não tem. Porque “o desejo só quer desejar”.

Pode ser que essa roupa seja a última que seu corpo verá, mas se não for a última, é a última do agora que nesse momento corre. Então, sinta-a.

Extravase sua solteirice. Beije, viaje com os amigos, vá beber em uma segunda, durma vendo filme num domingo acompanhado do sorvete.

Aproveite sua pequena casa. Seu aluguel de dinheiros contados. Ouça o que seu corpo quer te dizer ao te trazer uma enfermidade. Fique em silêncio pra entender o que a dor quer falar.

Todas as respostas estão dentro, ressoando pra fora quando você simplesmente, está onde está.

A vida não é sala de espera. O presente está no minuto.