Operação desventura

MPF de Goiás denuncia ex-jogador da seleção Edilson em caso de fraudes

// O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) ofereceu…


//

O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) ofereceu duas novas denúncias contra envolvidos na chamada Operação Desventura, que desarticulou uma quadrilha especializada nos mais variados tipos de fraudes.

Desta vez, 11 pessoas que integravam a organização criminosa, inclusive um ex-jogador da Seleção Brasileira, devem responder por crimes como furto qualificado por fraude, estelionato, moeda falsa, falsificação de documento público, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa, crime contra a ordem tributária, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Deflagrada há pouco mais de dois meses sob a supervisão do MPF-GO, 250 policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva, oito de prisão temporária, 22 de condução coercitiva e 18 de busca e apreensão, expedidos pelo juiz federal Leão Aparecido Alves, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Os mandados foram cumpridos nos estados de Goiás, São Paulo, Paraná, Bahia, Sergipe e no Distrito Federal.

No último dia 14 de outubro, cinco integrantes da quadrilha já haviam sido denunciados. Eduardo Pereira dos Santos, Arcanjo Jorge Peralta, Hernane de Araújo Lima, Leandro de Carvalho Oliveira e Sinomar José da Silva formavam a cúpula da organização e estavam presos desde a deflagração da operação.

Agora, a acusação contra os onze – considerados como colaboradores do bando – foi dividida em outras duas denúncias, como medida destinada a garantir a celeridade processual. Na primeira delas, estão formalmente denunciados André Luiz Sandre Abraão, Edilson Silva Ferreira, Eduardo Daniel Lucena dos Santos, Leonardo do Rêgo Santos, Paulo Roberto Castro Santana e Saulo Santos de Oliveira. Na segunda peça acusatória, os denunciados são Claudemário da Paixão Copque Costa, Jairo Dias de Souza, José Sukadolnik Filho, Ronaldo Antônio de Faria e Sílvio Felipe Dionízio.

Chamou a atenção dos investigadores desde o início da Operação Desventura o envolvimento do ex-jogador da seleção brasileira Edilson Silva Ferreira, conhecido como “Capetinha”, nas atividades ilícitas da organização criminosa. As investigações mostraram que ele era um dos responsáveis por cooptar gerentes da Caixa a fim de participarem de fraudes para recebimento indevido de prêmios de loterias do banco.

O “recrutamento” desses gerentes dava-se em São Paulo, Goiás e Bahia. Nesse caso, o grupo tinha acesso aos dados de bilhetes de loteria premiados e por prescrever, já que os verdadeiros donos não haviam realizado o resgate do prêmio no prazo estipulado. Ato contínuo, falsificavam tais bilhetes e retiravam a premiação junto à Caixa, cujos valores eram divididos pelos integrantes da quadrilha. De acordo com Telho, Edilson valia-se de seu prestígio para influenciar os gerentes do banco a participarem da fraude, uma vez que seria impossível praticá-la sem a participação de empregados do banco.

O procurador da República Helio Telho chegou a classificar as atividades criminosas do grupo como uma verdadeira “usina de golpes”, cuja gama de ilícitos ia desde fraudes no setor de loterias da Caixa Econômica Federal (Caixa), com envolvimento de gerentes do banco, passando por fraudes financeiras com o uso de páginas falsas na internet e programas maliciosos; fraudes em financiamentos bancários (inclusive com o BNDES); fraudes com uso de máquinas de pagamento com cartão de crédito; movimentação milionária de recursos no exterior, cuja origem é desconhecida; corrupção de servidores da Receita Federal e liberação fraudulenta de gravames no sistema do Detran.