Cinema

‘O Homem das Multidões’ celebra parceria

Ambos são muito engraçados. Um café da manhã com Marcelo Gomes e Cao Guimarães –…

Ambos são muito engraçados. Um café da manhã com Marcelo Gomes e Cao Guimarães – numa padaria de Pinheiros – para falar de O Homem das Multidões vira uma festa de risos, como se o assunto em discussão fosse um desses blockbusters de comédia que assolam o cinema brasileiro. Faz sentido. Os diretores de comédias falam a sério de seu trabalho, tentando dar relevância a filmes que, na maioria das vezes, não têm (e não por serem comédias, claro). Gomes e Guimarães, pelo contrário, estão falando de coisas tão densas que só rindo mesmo para seguir em frente.

Em primeiro lugar, não acredite nos que definem O Homem das Multidões como somente ‘bom’. É muito melhor que isso e já que estamos em agosto, com dois terços do ano já andados, é bom ir pensando numa provável lista de melhores de 2014. O Homem das Multidões estará, com certeza, com Praia do Futuro, de Karim Aïnouz.

Gomes e Aïnouz são pernambucanos e já dividiram a direção de Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo em 2009. Parceria não é exatamente novidade para Gomes. O Homem começou a nascer há dez anos, quando Gomes montava em BH o mais belo filme brasileiro da retomada, Cinema, Aspirinas e Urubus. O pernambucano estava solitário, deprimido nas Gerais. Sua montadora era amiga de Cao Guimarães.

Salvou-o o mineiro. Os dois se aproximaram, descobriram afinidades cinematográficas. Decidiram que iam trabalhar juntos. Guimarães já tinha o projeto de adaptar o conto de Edgar Allan Poe, que poderia se inserir em sua recém-iniciada (com A Alma do Osso) trilogia da solidão. Os primeiros tempos da parceria foram só de conversa. O Homem das Multidões começou a surgir há sete anos. Sete! O resultado não é só um filme sobre a solidão nos tempos da internet. O Homem das Multidões também investiga a linguagem. É um filmaço.